D'Altoabaixo
Helena D'Ornellas Cysneiros (Kika)
O Cão da Serra de Aires conquistou-a. Cativada, iniciou uma demanda pela raça, onde o longe e o distante passou a ser ali ao lado, nada mais importando que não fosse a recolha de exemplares únicos, que a perderem-se levaria ao desaparecimento de parte muito significativa e importante da história do Cão da Serra de Aires.
Na percepção e consciência do que estava a acontecer à raça, não obstante as dificuldades, com a racionalidade e frontalidade que a caracteriza, tomou a raça como um dever cívico de salvaguarda de um raro e precioso património genético nacional.
O seu trabalho é fundamentalmente um trabalho de continuidade de décadas de beneficiação da raça. Um trabalho que se estriba em exemplares representativos das mais importantes linhagens da raça, onde a preservação e consolidação das características fenotípicas, morfológicas e comportamentais são pilares incontornáveis.
Profunda conhecedora da raça, cinófila apaixonada, com uma longa e sólida experiência na canicultura, os cruzamentos que realiza, com exemplares típicos, são devidamente planeados e rigorosamente seleccionados.
Actualmente, está a privilegiar o cruzamento entre exemplares das linhagens de exposição com exemplares de trabalho, dessa forma procurando preservar a homogeneidade da raça, onde os critérios seguidos pelas duas linhagens nem sempre são convergentes.
Profunda conhecedora das particularidades do temperamento do Cão da Serra de Aires, dedica, desde tenra idade, numerosas horas à socialização dos cachorros das suas ninhadas. Sabendo o quão importantes são as primeiras semanas de vida para a construção da personalidade e temperamento dos cachorros, os animais das suas ninhadas nunca são entregues antes das 10 semanas de idade.
Os seus animais caracterizam-se pela sua inteligência, sociabilidade, dedicação e paixão pelo dono.

Futuro da Raça

Recuperar e
manter exemplares representativos foi uma
preocupação que norteou o nosso comportamento perante esta
raça tão caracteristicamente portuguesa. Quando começamos,
havia sinais que induziam preocupação quanto ao futuro da
raça, particularmente no que concernia à preservação de
exemplares oriundas das, até então, mais representativas
linhas de sangue com origem nos primeiros exemplares
registado, nos idos anos 50 do século passado.
Decidimos
transpor todo o nosso conhecimento de criação obtido com outras
raças, canalizando em exclusivo esse capital de
conhecimento para esta raça tipicamente portuguesa, tão
particular e única.
O trabalho que
hoje desenvolvemos estriba-se não só na experiência adquirida, mas
também na inovação e conhecimento que, no domínio científico, tem
sido produzido nos últimos anos. Em boa hora, várias
instituições de ensino superior e de investigação decidiram
canalizar a sua atenção para as raças portuguesas, em particular
as de gado (guarda) e de pastor (condução).
O conhecimento
científico sobre as raças portuguesas tem vindo a aumentar
consideravelmente. É, para nós, suporte fundamental e
incontornável para o trabalho que estamos e pretendemos
desenvolver. Os exemplares que seleccionámos para reprodutores
têm de possuir requisitos que garantam a propagação das
características morfológicas e comportamentais típicas da raça.
O temperamento é outro aspecto que entendemos ser importante
requisito a preservar e um dos que mais caracteriza e
individualiza a raça.